sábado, 31 de janeiro de 2009

Te Vejo Daqui A 30 Anos

"É sério, vou embora.
Seguir minha vida sozinho por um (bom) tempo.
Mas não se preocupe. Eu volto.

Volto a tempo de relembrarmos o presente, e rirmos dele.
Ah sim, principalmente rirmos."

- Victor Guimarães, ??/??/2009


- "Lembra quando Eu avisei a todo mundo que ia embora e ninguém acreditou?"
- "(Risos) Claro que lembro. Lembro até das semanas seguintes à sua partida..."
- "E o que aconteceu?"
- "Lembro das expressões de cada um quando você não apareceu mais. Cada um mais incrédulo que o outro."
- "Haha, imaginei que aconteceria isso também."
- "Também? E o que tinha imaginado antes disso?"
- "Que viriam me resgatar em no máximo 3 semanas."
- "Mas foi o que fizemos! Mas depois de 3 anos lhe procurando, ninguém mais quis me ajudar..."
- "Porque não? Não se diziam todos meus amigos?"
- "Sim. Quase todos acreditavam que estava morto ou perdido de vez."
- "Quase todos?"
- "É. Apenas eu e os três não acreditávamos."
- "E porque eles não vieram me procurar junto com você?"
- "Diziam que foi decisão sua, e que se você pretendesse voltar um dia, voltaria."
- "Hmpf! E eles tinham razão, putos..."
- "(Mais risos)... mas porque decidiu voltar justamente hoje?"
- "Haha, hoje foi só o dia em que cheguei. Decidi voltar faz três meses, mas do Tennessee até aqui é meio longe quando não se tem grana, sabe?"
- "(Muitos risos) Mais de trinta anos e continua o mesmo."
- "Não. Pode ter certeza que não."
- "E então, ainda não respondeu porque voltou."
- "Senti saudades. Muitas."
- "Saudades de quê?"
O beijo respondeu por mim.

Depois de alguns minutos abraçados, ela continua:
- "Não me contou o mais importante ainda."
- "O porquê de ter partido?"
- "Exatamente."
- "Minha vida estava resumida em conversas de internet, tardes jogadas na cama, noites que só acabavam às 05h da manhã e não conseguia nem escrever sobre isso."
- "E porque trinta anos, se já sabia que eu te amava?"
- "Porque ainda não amava nem a mim mesmo."

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

(Infelizmente) Centro De Alguma Metrópole Estadunidense Em Algum Outono Dos Anos 50.

“Estou nas calçadas, em meio ao lixo da sociedade.
Iria passar a madrugada no bar do outro lado da rua, mas aqueles filhos do Bronx que ficam ali na porta ‘sugeriram’ que eu ficasse nesse beco aqui mesmo.
Filhos da puta, isso sim. Quem eles pensam que são?
Mesmo se Luther King estivesse realmente ligando para eles, ele ainda estaria virando a esquina quando eu terminasse de acertar nossas contas.
E agora eles ficam lá, olhando esse bêbado escritor vagabundo caído no beco, como se fosse eu que limpasse as privadas deles.
Mas um dia eles vão cair. Caras desse tipo sempre caem. E logo.
Queria assaltar um banco, só pela diversão, pela adrenalina e pela grana. Mas pateticamente, só tenho forças para levantar, acender meu cigarro, seguir até a rodoviária e continuar minha ‘gloriosa’ viagem pela Costa Oeste.
Não tenho ideias na cabeça. Só tenho alguns poucos ideais:
Ser inconsequente o suficiente para que daqui a 50 anos eu possa ser considerado tolamente um ídolo, fumar e beber o suficiente para estar morto daqui a 5 anos;

Realmente os odeio. Não faço ideia por que, mas odeio.
Não gostaria de falar assim de alguns companheiros de noite.
Mas os odeio.
Quem sabe falando a língua deles, eles tenham me entendido.
Senão, vou odiá-los ainda mais.”


Notem-se as aspas, por favor.